sexta-feira, 8 de maio de 2009

Da terra dos cangurus (ou dos tubarões) para o mundo..

Quando decidi passar um tempo fora do país, um dos primeiros lugares que me vieram cabeça foi a Austrália. A terra dos cangurus - ou seria dos tubarões? - me fascina desde que eu comecei a conhecer um pouco mais da história do surfe, dos grandes nomes do esporte preferido dos reis polinésios, das primeiras edições do Circuito Mundial...

Bom, não é novidade para muitas pessoas dizer que a Austrália é "um país que respira surfe". Lugar comum ou não, o fato é que impressiona! Se você entrar no site da ASP hoje verá que o atual número 1 na lista dos melhores do mundo é aussie (Parko, diga-se de passagem, brilhante nesse início de temporada). Peter Townend, também da Austrália, levou o caneco do primeiro ano do Circuito, em 1976. (Vale abrir um parêntese aqui para relembrar que, apesar da intervenção do sul-africano Shaun Tomson em 77 no topo do pódio, até 1984 a bandeira que figurou no degrau mais alto foi a da Austrália.)

Wayne "Presidente da ASP" Bartholomew, Mark Richards, Tom Carroll, Damien Hardman, Barton Lynch e Mick Fanning foram os aussies que dominaram algumas temporadas do "Tour dos Sonhos" (e mesmo quando nem era a ASP quem homologava os campeonatos, e sim a IPS - International Professional Surfers), transformando o país numa das maiores potências do surfe.

Para os viciados em água salgada de plantão, calma! Não estou esquecendo de um dos maiores ídolos das pranchinhas... Mark Occhilupo! Era exatamente aí onde eu queria chegar. Dono do mundo em 1999, o título do Occy tem um gostinho especial para a minha família.

Quem se lembra da conquista do "Touro Indomável" no Rio de Janeiro ?? Pois é, logo no começo da competição, um susto!! Um moleque de apenas 17 anos, competindo como convidado do evento em seu primeiro ano como profissional, quase colocou água no champagne do veterano. Raoni Monteiro (meu irmão, com muito orgulho!!) chegou sem pretensão nenhuma e levou a bateria na primeira rodada, jogando o cara para a repescagem. Já na terceira fase, Raoni não foi páreo para a experiência do australiano e encerrou sua participação por alí, deixando finalmente o caminho de Occy aberto para o tão esperando título mundial.

(Para quem quiser ver um vídeo do Raoni comentando as baterias desse evento, só clicar aqui ir direto para o Youtube)

Mas... Por que o título mundial foi tão esperado???

Após transformar-se em um dos maiores nomes do cenário internacional do surfe, Occy entrou numa bela duma depressão e as competições eram as últimas coisas em que ele queria ouvir falar...

De carona em um dos meus textos para o Woohoo (estou com saudades da minha Redação querida), segue um pouquinho dessa fase Occy de ser.

"Em 1987 Mark Occhilupo começou a mostrar sinais de instabilidade. Mudou-se temporariamente para a costa Norte de Oahu, no Havaí, anunciou sua aposentadoria e logo voltou atrás, e já não vencia mais campeonatos como quando surgiu para o mundo do esporte. Occy começava a perder o foco e o interesse pelas competições. De uma vida leve, baseada na Yoga, ele passou a consumir cada vez mais cigarros, bebidas alcoólicas e outras substâncias prejudiciais a sua saúde. A morte de seu pai foi outro fator que o fez hibernar por algum tempo, como ele mesmo mais tarde declarou. Com o passar dos meses, o grande fenômeno australiano e provável campeão mundial já tinha ultrapassado os 100 Kg e desabou para o número 490 no ranking, abandonando de vez o Tour em 1990.


Várias tentativas de retorno ao Circuito foram frustradas. Em 92, ano em que a ASP criou as divisões WCT e WQS, Occy chegou a vencer um evento do Tour de acesso em Newquay, na Inglaterra, mas nada o fazia sair daquela depressão. Em 1993 ele casou com Beatrice Ballardie, construiu uma casa perto de Kirra, na Austrália e, no ano seguinte, começou a sua batalha para recuperar a forma física. Num trabalho de apoio feito pelo videomaker Jack McCoy, em conjunto com seu terapeuta e a Billabong, ele começou a perder peso lentamente e declarou que esse tempo fora do Tour lhe serviu para ter uma visão mais clara de seu objetivo: para dominar o Circuito Mundial, precisava voltar de forma espetacular.


Seu patrocinador percebeu que tinha em sua equipe um dos melhores surfistas de todos os tempos e não queria perdê-lo. Foi então que Occy gravou os vídeos “Green Iguana” e “Pump”, onde rodava o mundo mostrando o melhor do seu free surf. Esse vídeos rodaram o mundo inteiro e a comunidade do esporte percebeu que, mesmo afastado das competições, Occy ainda estava quebrando. Esse incentivo foi muito positivo para a recuperação da auto estima do cara.


Foi então que em 1997 ele completou uma temporada inteira do calendário da ASP, feito que não acontecia há 10 anos, terminando como vice do virtual eneacampeão mundial, o norte-americano Kelly Slater. De maneira espetacular, Mark Occhilupo estava retornando ao time de astros da Association of Surfing Professionals!"

Bom, foi aí que o título veio, em 99, e após isso, eu só tenho a reverenciar o cara! Com aparições em dúzias de vídeos de surfe, autobiografia ("Occy, o ano do Touro"), fotos em revistas especializadas, apresentando de programa de TV, etc, etc, etc... eu gostaria de concluir que....

... fazendo parte das competições pelo mundo desde os 15 anos de idade, o australiano Mark Occhilupo redefiniu a alta performance no esporte por pelo menos duas gerações!!! A facilidade para manobrar de backside transforma a plasticidade de seu repertório num espetáculo à parte.

Eu só espero encontrar o cara qualquer dia desses surfando em alguma praia perto da minha nova casa... (ainda tenho chances por 1 ano)

3 comentários:

Carlinhaaaa disse...

Nossaaa amiga!!! que inspiração!!
que vontade de largar tudo e correr pra Austrália, ainda te encontro aí, se deus quiser!
mas fato que isso tudo foi nostalgia do woohoo vai?! heheheh

TE AMOOO

leosaquaitauna disse...

Fala tuca.. Parabensssssssss , blog iraderrimo.. rsrs

continue escrevendo assim que vai longe.... bjuxxxx


nem`` barrinha``

Marília Porciúncula disse...

Grande matéria...parabéns!!!
O vídeo Exclusivamente Raoni.. bem, me "levou"às lágrimas!!!
Beijos....
Marília